O Arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani Tempesta,
fala sobre a semana de reflexão sobre a importância da vida religiosa e no
mundo
Foto: News.Va
Estamos no final da semana dedicada à
vocação à vida consagrada. Começamos com o domingo da Assunção de Maria e
continuamos rezando e refletindo sobre a importância da vida religiosa na
igreja e no mundo. Neste mês vocacional, que continua ecoando o tema da JMJ Rio
2013 – ide e fazei discípulos entre as nações – sem dúvida que o testemunho de
homens e mulheres consagrados continua sendo essencial para o mundo de hoje.
Nesta semana tivemos ocasião de celebrar, com muita alegria, entre outras
festas, o dia de São Bernardo, abade cisterciense e doutor da Igreja, de quem
aprendi a “sentir com a Igreja”.
A vida consagrada diz respeito a toda
a Igreja; não é uma realidade isolada e marginal. A vida religiosa está
colocada no próprio coração da Igreja. Ela é um elemento decisivo para a sua
missão, já que exprime a íntima natureza da vocação cristã e a tensão da
Igreja-Esposa para a união com o único Esposo. A vida consagrada faz parte da
vida, santidade e missão da Igreja.
A profissão dos conselhos evangélicos
coloca os consagrados como sinal e profecia para a comunidade dos irmãos e
irmãs e para o mundo. A missão profética da vida consagrada vê-se provocada por
três desafios principais lançados à própria Igreja, e esses desafios tocam
diretamente os conselhos evangélicos de castidade, pobreza e obediência,
estimulando a Igreja, e de modo particular as pessoas consagradas, a pôr em
evidência e testemunhar o seu significado antropológico profundo. Na verdade, a
opção por esses conselhos, longe de constituir um empobrecimento de valores
autenticamente humanos, revela-se antes como uma transfiguração dos mesmos. A
profissão de castidade, pobreza e obediência torna-se uma admoestação a que não
se subestimem as feridas causadas pelo pecado original, e, embora afirmando o
valor dos bens criados, relativiza-os pelo simples fato de apontar Deus como o
bem absoluto.
O Papa Francisco nos anima a sermos
fecundos na missão, no anúncio, no testemunho do Evangelho. Nosso Senhor Jesus
Cristo nos disse: “não tenham medo” (Mt 28,5). Como às mulheres na manhã da
Ressurreição, nos é repetido: “Por que buscam entre os mortos aquele que está
vivo?” (Lc 24,5). Os sinais da vitória de Cristo Ressuscitado nos estimulam
enquanto suplicamos a graça da conversão e mantemos viva a esperança que não
defrauda. O que nos define não são as circunstâncias dramáticas da vida, os
sofrimentos pelos quais passamos, as incompreensões que muitas vezes são
impostas em nossas caminhadas, nem os desafios da sociedade ou as tarefas que
devemos empreender, mas todo o amor recebido do Pai, graças a Jesus Cristo,
pela unção do Espírito Santo. Esta prioridade fundamental é a que tem presidido
todos os nossos trabalhos que oferecemos a Deus, à nossa Igreja, a nosso povo,
a cada um dos homens e mulheres a quem somos enviados, enquanto elevamos ao
Espírito Santo nossa súplica para que redescubramos a beleza e a alegria de ser
cristãos. Aqui está o desafio fundamental que contrapomos: mostrar a capacidade
da Igreja de promover e formar discípulos que respondam à vocação recebida e
comuniquem em todas as partes, transbordando de gratidão e alegria, o dom do
encontro com Jesus Cristo, o Redentor. Não temos outro tesouro a não ser este.
Não temos outra felicidade nem outra prioridade que não seja sermos
instrumentos do Espírito de Deus na Igreja, para que Jesus Cristo seja
encontrado, seguido, amado, adorado, anunciado e comunicado a todos, não
obstante todas as dificuldades e resistências. Este é o melhor serviço – seu
serviço, querido religioso, querida religiosa, a quem quero agradecer o seu
delicado e dedicado serviço, Deus seja louvado! – que a Igreja tem que oferecer
às pessoas e nações!
† Orani João Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de
Janeiro, RJ
Fonte:
News.Va – Rede Século 21
POSTADO
POR: Adrian Kleivson